Quebra-quilos. Lutas sociais no outono do Império

Escrevendo, a 23 de fevereiro de 1875, considerava restaurada a paz na Província, e esclarecia à Presidência que uma das causas dos conflitos era "a decretação de certos impostos inteiramente novos, os quais são reputados antipáticos, plausivelmente, e vexatórios, cavilosamente". O novo sistema de pesos e medidas estaria sendo aproveitado para a exploração de "mercadores ratoneiros".

Preocupara-se com a gênese política dos tumultos, porém não sabia - e dificilmente poderia saber - quem estimulava o Quebra-quilos. Apontava, com a reserva de ter sido denunciado por um escravo, Antnio Tomás de Aquino como cabeça da sedição em Mundaú-mirim, e perdia-se nas dúvidas de "um certo ódio ou prevenção que alguns elementos hipócritas, tendo a mira em cálculos sinistros, hão incutido desacertada e aleivosamente em alguuns indivíduos simplorios e levianos contra as medidas que os poderes quer gerais, quer provinciais, tem adotado com o intuito de ressalvar os interesses públicos" (8) Nota do Autor.

A imprensa liberal de Pernambuco noticiara que, no dia 2 de janeiro, Quebrângulo fora assaltada por 300 homens que destruíram pesos e medidas, e que da luta que se seguiu resultou um saldo de nove mortes. O tenente-coronel Firmino Rabelo Torres Maia, à frente de 400 homens, ocupara a Assembleia preventivamente.

O clima geral de agitação estimulara desocupados e marginais de Maceió a promoverem desordens nas noites de Natal e Ano Novo. A assuada fora prontamente reprimida e não passara disso. Não sabendo aquilatar as dimensões dos acontecimentos, o Presidente alagoano pedira ao pernambucano que o ajudasse. Para Maceió seguiu a corveta "Vital de Oliveira", que ali deveria aguardar a chegada da canhoneira "Henrique Dias" e da corveta "Ipiranga" (9) Nota do Autor.

A parcialidade partidária de um jornal oposicionista não hesitou: "por que, então, a necessidade de um navio de guerra? Na verdade, o que se pretende em Maceió, é ter força e porão de navio de guerra para prender e trucidar aos adversários políticos" (10) Nota do Autor.

Alagoas vivia o seu amargo quinhão da crise brasileira. No quarto de século transcorrido de 1847 a 1872, como observou

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