o alistamento seria feito por sorteio. A Lei, entretanto, logo, criou má fama. A oposição liberal arrastou-a nas páginas dos jornais, e, no interior, as conversas sobre "recrutamento" alimentaram a suspeita de que quem não tivesse dinheiro iria para o quartel. Em parte era verdade. Logo nos primeiros artigos do texto legal, tratava-se das isenções, e, entre elas, a do artigo 7°, declarava isento aquele que "pagar a contribuição pecuniaria que for marcada em lei". Estariam também a salvo os graduados e estudantes, quem apresentasse substituto idôneo, quem fosse proprietário, administrador ou feitor de fazenda com mais de dez trabalhadores ou caixeiro de casa de comércio, "que tiver ou se presumir que tem de capital dez mil-réis ou mais" (3) Nota do Autor.
Por ocasião da fase aguda do Quebra-quilos, em dezembro de 1874, A Província (4) Nota do Autor desancava a Lei, registrando que, na Prússia, o serviço militar era de três anos. Na futura Prússia americana, dizia mordazmente o jornal, o recruta deverá servir seis anos. "Militarizado o Paiz, como inquestionavelmente ficará, as industriais privadas do seu melhor musculo e mais fresco talento e estaria o Brasil reduzido a uma vasta barraca militar" era a conclusão a que se chegava, no artigo incendiário, que se admirará, como fecho, de ter o Imperador consentido que seus ministros apresentassem ao mundo civilizado tal projeto.
Pernambuco, em 1874, conforme aviso-circular do Ministério da Guerra (10 de dezembro de 1873), deveria apresentar 530 recrutas. As estatísticas mostram que, dos 398 apanhados nas malhas do recrutamento, somente foram "apurados" 232.
Recomendava-se (5) Nota do Autor todo cuidado para que não se alistassem escravos nas fileiras do Exército; porém, se algum o conseguia, e chegava a prestar serviço, não voltava à condição de cativo, e seu dono teria direito a receber indenização deduzida de um fundo especial de emancipação. Embora seja comum a presença de negros nas fileiras militares, casos como o do escravo Luciano, de "estatura baixa, rosto redondo e cheio e fala descançada", que sentara praça (6) Nota do Autor, não são frequentes.