13. DE CANUDOS AO IMPOSTO DO VINTÉM
A tragédia de Canudos é, de certa forma, na sua etiologia, a repetição do drama dos quebra-quilos. Os primeiros seguidores de Antônio Conselheiro foram matutos que se rebelaram contra a cobrança de impostos. Euclides da Cunha (1) Nota do Autor assinala que o primeiro incidente desse tipo ocorreu em Bom Conselho, na feira, quando a população local e das vizinhanças ali estava no seu comprar e vender. Antônio Conselheiro manda que seus adeptos arranquem os editais de cobrança de impostos e com eles faz uma fogueira em praça pública.
Em 1893, fora delegada aos Municípios a cobrança de impostos no interior, única forma, aliás, de exação mais ou menos eficiente, em virtude das dificuldades de divulgação das novas normas administrativas e fiscais da República nascente. Passaram, então, as autoridades municipais a afixar numa tábua, à porta das Câmaras, os editais de cobrança.
A recusa ao pagamento de impostos foi uma das posições mais definidas do Conselheiro, no início de sua liderança como rebelde. Tratava-se, evidentemente, de um meio de atrair a simpatia dos deserdados da sorte, dos que nada tinham, e que, mesmo assim, eram chamados ao pagamento de tributos. Não somente esses. Até pequenos proprietários, que mal podiam se manter com a terra ingrata, o gado magro e a agricultura insuficiente, foram sensibilizados pela atitude de Antônio Conselheiro. O fisco igualmente lhes pesava com mão de ferro.
Não é de se desprezar a circunstância de que, antes de se tornar o líder messiânico dos sertões baianos, Antônio Conselheiro havia estado em Pernambuco, precisamente em 1874. Convivera,