portanto, o chefe dos jagunços com os sertanejos que participaram do Quebra-quilos, e seria razoável admitir-se a influência destes no seu ideário de rebeldia. Se tem razão Antônio Freire, quando diz que faltou ao movimento do Quebra-quilos um Euclides da Cunha, não é menos verdade que faltou aos quebra-quilos, como sediciosos, um Antônio Conselheiro.
Em fevereiro de 1897, O Paiz, que se publicava no Rio, e era, provavelmente, o jornal de maior circulação na época, destacava horrorizado que "a fama e o poder de Antônio Conselheiro incrementaram-se de modo estraordinário", e que o chefe dos jagunços "começou açulando o povo a não pagar impostos". As informações de O Paiz têm concordância com o relatório do Chefe de Polícia da Bahia, redigido após a campanha de Canudos, que esclarece diariamente: "impediam a mão armada a cobrança de impostos".
A queima dos editais da Câmara por Antônio Conselheiro custou-lhe a primeira repressão armada, empreendida por um destacamento de trinta soldados da polícia militar, na localidade de Massete, aliás totalmente fracassada, em virtude de seu desmoralizante término, a fuga desordenada dos militares. Isso lhe valeu o "anti-republicanismo", que lhe foi atribuído pelos jornalistas e políticos da época. Antônio Conselheiro, porém, foi tão monarquista como os quebra-quilos filojesuítas. Houve, quando muito, vagas dependências ideológicas, resultantes, tão somente, de uma certa convergência de interesses, nem sempre pressentida pelo Conselheiro ou pelos quebra-quilos.
Frades capuchinhos tentaram, sem nenhum resultado, realizar um trabalho de apaziguamento e catequese entre os discípulos de Antônio Conselheiro. Em 1874, por ocasião do movimento Quebra-quilos propusera-se a Ordem a colaborar com o Governo, e o Intendente-interino da Guerra, João José de Oliveira Junqueira, recomendara ao Presidente da Província de Pernambuco que animasse aqueles missionários a continuarem no propósito de pacificação dos sediciosos, acrescentando que, da Bahia, seguiria frei Afonso de Bolonha "para empregar-se n'esse louvavel mister" (2) Nota do Autor.
Aos republicanos menos esclarecidos, ainda temerosos de uma restauração monárquica, a rebeldia às leis da República - sobretudo as que cobravam impostos - só poderia ser, por antinomia,