Quebra-quilos. Lutas sociais no outono do Império

suas plantações e levantar novos engenhos, se as duas ultimas safras manifestaram instavel acrescimo na produção do açucar, este resultado é devido unicamente ao suplemento de braços que lhes trouxe o flagello da seca e antes de tudo ao estado do cambio, que oscilando entre 19 e 23 lhes tem proporcionado um lucro adicional de 15 e até 30%".

A crise transformara-se em mal crônico e para debelá-lo o Presidente da Província, Henrique Pereira de Lucena, empenhara-se em fomentar a cultura do cafeeiro; o Município de Bonito já produzia o suficiente para exportar para o Recife. Porém a crise financeira continuaria atravessando os orçamentos imperiais e o café enfrentou sérios problemas. Desde 1874 o preço do café começara a cair de sua alta média de 6$304 réis por saca, mantido de 1870 a 1875, para 3$247 réis. O aumento de produção compensou de certa forma a redução do preço, malgrado a depreciação cambial. A moeda fora reduzida de 18$554 réis a 16$951 per capita em virtude da grande quantidade de papel moeda então posta em circulação. Não se deverá entretanto esquecer as dificilmente quantificáveis remessas para o exterior, fator permanentemente desfavorável à balança de pagamentos, como muito bem lembra Willeman (8) Nota do Autor. A partir de 1879 a queda no câmbio será acelerada e a despesa mostrará sempre um largo excesso sobre a renda. A gravidade da situação do Tesouro nesse período era de tal ordem que José Honório Rodrigues (9) Nota do Autor não hesitou em afirmar enfaticamente: "todas as dificuldades do Império tinham origem na situação financeira do País".

Que posteriormente ao Quebra-quilos não se seguiram melhores dias, revelam também as atas das conferências de 30 de março e 10 de abril de 1878 do Conselho de Estado. O déficit no segundo semestre de 1878 era estimado em 24.956.275$351. Porém o próprio Ministro da Fazenda declarara que havia uma dívida flutuante, em bilhetes do Tesouro, que perfazia 46.016.600$000, elevando-se assim o déficit a 70.972.875$371. A lição de que um grande aumento de impostos em época de crise era suicídio político fora aprendida pelo governo. Daí dizer Abaeté que "novos impostos seriam, além de uma calamidade, de tardio efeito" e propor, como único meio para tirar as finanças imperiais da crise,

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