3. O QUEBRA-QUILOS NA PARAÍBA
Na etiologia de inúmeros movimentos insurrecionais da Antiguidade sempre aparece a luta contra o imposto. A manutenção do luxo imperial em Roma, o pagamento de tropas mercenárias, cada vez mais exigentes, a construção de grandes obras de utilidade pública, geraram até um "espírito fiscal" (1) Nota do Autor, devorador dos recursos das cidades e, consequentemente, ameaça perigosa ao equilíbrio das finanças do Império.
Durante a Idade Média a cobrança de impostos não foi menos rigorosa e está ligada a exemplos famosos de guerras e revoluções. Enquanto Carlos VI e o duque de Bourgogne, em 1382, atacavam os flamengos, as cidades de Paris, Rouen, Reims e Troyes, rebelavam-se para resistir às taxas que lhes foram impostas. Depois da vitória sobre os flamengos, veio a repressão; o exército vitorioso matou mais de trezentos burgueses em Paris e seus bens foram confiscados; outros pagaram resgates para continuarem vivos e os mais felizes apenas perderam a metade de seus bens.
A França, particularmente, foi teatro de revoluções contra impostos e são muito conhecidos também os movimentos que eclodiram em La Rochelle. Em La Fuyenne, cinquenta mil pessoas sublevaram-se contra um imposto que consideraram ilegal, atacando Saintes, queimando casas de magistrados e massacrando exatores. Seis mil camponeses de Boulonnais pegariam em armas contra o pagamento de impostos, em 1660, e, quatro anos depois, uma insurreição eclodiria em Landes contra um imposto sobre o sal. Em 1675, em Rennes, Nantes e Châteaullin, na Alta Cornualha, milhares de camponeses rebelaram-se contra impostos sobre papel timbrado e tabaco.