Desafio americano à preponderância britânica no Brasil: 1808-1850

do assunto esclarecido de maneira totalmente nova pelos depoimentos minuciosos, feitos por diplomatas. Na maioria das vezes eram homens dados às letras, à polêmica, ao jornalismo ou à ciência, sendo assim também preciosos informantes sobre a cena histórico-brasileira que viviam.

A própria preponderância britânica no Brasil, embora esteja estudada em linhas gerais, é ainda um vasto campo aberto a reinterpretações. Impressiona o descompasso entre a expressão e multiplicidade de seu impacto, dada a presença de ponderáveis interesses e a parca, ou quase nula, consulta às fontes documentais britânicas entre grande número de novos autores, embora tantos historiadores atuais, como alguns mais antigos, hajam empreendido arrolamento dessas fontes documentais.

Há lista e relações publicadas desde o início do século. Destacam-se: M. de Oliveira Lima com a sua Relação de manuscritos portugueses e estrangeiros de interesse para o Brasil, existentes no Museu Britânico de Londres, coordenada por Oliveira Lima, Rio de Janeiro, 1903; em 1949, Rubens Borba de Morais e William Berrien: Manual bibliográfico de estudos brasileiros, Rio de Janeiro, 1949; em 1950, José Honório Rodrigues: As fontes da História do Brasil na Europa, Rio de Janeiro, 1950.

O único livro clássico a esse respeito até hoje publicado nos Estados Unidos é o de A. K. Manchester, British Preeminence in Brazil, its Rise and Decline; Study in European Expansion, Carolina do Norte, Chapel Hill, 1933; Nova York, Octagon Books, 1964.

Trata-se de obra pioneira, laborada em campo virgem e também destinada a permanecer única durante muitos anos. Não visava o Brasil, embora seu trabalho, de caráter geral, conquanto extremamente estimulante e bem feito, descortinasse fatos inteiramente novos. Ainda assim, as múltiplas sugestões apresentadas pela obra de Manchester abriram caminhos que não encontraram, durante muito tempo, seguidores. Não parece ter ocorrido a número expressivo de historiadores e pesquisadores nacionais a ideia de usar os relatórios dos diplomatas ingleses e americanos como documentação esclarecedora daquilo que observam aqui os signatários desses documentos. Foi desprezada, inexplicavelmente, esta excelente fonte para a História Comparada, agora em tão grande voga em vários países.

Foi notando esta lacuna que durante anos pesquisamos documentação diplomática e econômica nos arquivos britânicos, visando completar um trabalho sobre as relações entre a Grã-Bretanha e o Brasil entre os anos 1850 e 1914. Desistimos desse labor ao tomar conhecimento do estado adiantado de empreitada semelhante encetada pelo historiador Richard Graham, que afinal publicou,

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