Desafio americano à preponderância britânica no Brasil: 1808-1850

Lorde Grey substituiu Wellington, cuja breve permanência na posição de primeiro-ministro(9) Nota do Autor foi significativamente abreviada devido à sua oposição à passagem do famoso, desejado e procrastinado Bill. A vitória das Jornadas Gloriosas na França de 1830 empolgou novamente os ingleses reformistas, como havia acontecido com os seus precursores whigs dos clubes Jacobinos do começo do século. Guilherme IV, o novo monarca, foi virtualmente forçado pela opinião pública da Grã-Bretanha a modificar a estrutura da Câmara dos Lordes, e a nação foi quase à guerra civil, antes que o rei se curvasse ante a evidência da necessidade de assim proceder, para permitir a passagem da nova lei. É que, a rigor, uma transformação profunda esboçava-se no cenário britânico com a passagem do Reform Bill. É verdade que ela esteve sempre vinculada à ideia de reajustar os mecanismos da eleição e elegibilidade parlamentares. A solução parlamentarista na Inglaterra, porém, desfrutara, de longa data, a reputação de ser uma arma ideal para reivindicar o bem-estar da nação e pugnar por ele. Do próprio Parlamento originara-se no passado até mesmo a excepcional resolução republicana em oposição ao absolutismo, canalizando através dele dissidência multiforme.

Quando no início do século XIX a dissidência inconformista das massas em protesto, principalmente das novas classes que surgiam nas cidades, lá não encontrou mais eco, estalaram revoltas populares; de início sopitadas, mais tarde ressurgiram sob a forma das agitações cartistas. Ambas, na realidade, expunham a caducidade da própria organização parlamentar em relação à realidade social e política do país.

O ímpeto reformista contido nestes acontecimentos foi capitalizado, desde o início, pela jovem e inexperiente rainha Vitória, orientada desde logo, habilmente, a enquadrar-se na imagem pública esperada pela nação britânica. É que esta revolução à inglesa, mas não obstante revolução, na verdade modificou a lei para ficar dentro dela, passando em seguida a incorporar-se ao governo, contra a vontade deste, sob o rótulo de Reforma. Enquadrou-se, sobretudo, dentro da imagem dela projetada pelo Parlamento. O mesmo sucedeu com a nova e jovem soberana. As providências exigidas e forçadas por essa situação somente aos poucos tomaram o caminho da revolução, pois, apesar da aprovação da lei que instituía a Reforma, a estrada por onde ela transitaria achava-se ainda bloqueada de 1830 a 1840. Isso porque, ao ficar claro que a "readaptação"

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