Desafio americano à preponderância britânica no Brasil: 1808-1850

social. Assim é que dava ênfase à Igreja na Inglaterra, como sendo um organismo vivo, cuja continuidade e força deveriam sobrepor-se à importância do indivíduo, concentrando-se na sociedade. Por isso, seus adeptos viam como essencial a separação Igreja-Estado, embora não a tivessem obtido. Essa mesma ideia estava contida no movimento surgido em 1843 na Escócia, e que resultou na formação da chamada Igreja Livre da Escócia. Um revival geral, uma volta às primitivas e austeras práticas protestantes, coincidiu, em toda a Grã-Bretanha, com o período chamado de primeira época vitoriana.

A partir da década de 40, e em função do reformismo de 30, agiram os britânicos nas várias partes do globo até onde sua expansão imperial os levava, de maneira diferente. Até que ponto influenciaram os destinos desta expansão um maior senso de responsabilidade social, a ideia de "modernização" contida nessa influência, como ainda o humanitarismo nascente na prática de sua nova teoria do Império, são pontos elucidativos do seu comportamento no exterior.

A ação transformadora de alguns dos ideais resultantes das novas correntes de pensamento naturalmente pode ser notada até nas relações práticas entre colônias ou territórios britânicos e a metrópole, a partir da década de 30. Lorde Elgin, Durham, Wakefield são homens cujas obras sobejamente conhecidas bem ilustram esta realidade. Novos e importantes rumos passaram a ser ditados à Grã-Bretanha pelo crescimento e riqueza de seu enorme Império desde que o triunfo dos ideais reformistas coincidira com seu crescimento.

O ano de 1867 marca, para esse impressionante bloco político, um ponto crucial e fundamental. Com a descoberta, naquele ano, de diamantes na África do Sul, e já tendo sido em 1861 encontrado ouro na Nova Zelândia, coroava-se com uma fantástica motivação o seu interesse, cada vez mais crescente, em estimular trato mais direto com as partes de seu Império e possessões. Esse mesmo interesse, que se vinha acelerando desde o início da década de 60, aumenta e atrai capitais e técnicos britânicos. Esse império colonial com nova estrutura econômica e política, cheio de ensejos e cada vez mais atraente, a partir de então, reeditava oportunidades econômicas abertas àquele país. Dava-lhe novo escopo, mais amplo campo de ação, novas esperanças. Os diamantes da África do Sul deram um toque de calorosa realidade a essas esperanças.

O roteiro em direção ao progresso e à multiplicação de mercados dentro de um Império com poder aquisitivo cada vez mais elevado foi atraente e cheio de compensações. Nas reformas finais de Disraeli, em 1867, vê-se a importância adquirida pelos trabalhadores industriais que sustentariam as novas carreiras comerciais do século XIX britânico. No progresso político que permitiu a revolução econômica do Canadá, Nova Zelândia e Austrália, como nas riquezas da África, Índia e outros pontos do Oriente estavam

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