O Almirante Marques de Leão deixou o ministério em 1912, por não concordar com a ordem de bombardear Salvador, por motivos políticos. Em carta de suprema altivez, dirigida ao Presidente da República (reproduzida em ouro pelo Estado da Bahia), diz que os navios necessários para a operação estavam prontos, mas que a ordem para agirem, sua consciência não permitia que desse, e só seria transmitida pelo seu sucessor na Pasta da Marinha.
Embora os ministros que o seguiram nem sempre afinassem com seus avançados conceitos, não puderam furtar-se de seguir a orientação que traçou em seu magistral Relatório. Seria, como foi, o único caminho para a recuperação da Marinha como uma instituição militar eficiente, moderna (como modernos eram seus novos navios), sem o ranço trazido de outras épocas e de outras circunstâncias.
Aos poucos foram sendo adotadas as medidas por ele preconizadas. Mais do que servirem para mudar costumes, práticas, determinações regulamentares, foram úteis para transformar a mentalidade naval, do que resultaram todas as outras modificações.
Na Grande Guerra, em 1917, enviamos à Europa uma Divisão Naval que, se já não encontrou inimigos humanos para combater, teve que enfrentar os horrores de uma epidemia que ceifou centenas de vidas entre sua guarnição. E a disciplina ante essa adversidade foi exemplar.
Na década de 20, dispondo da ajuda da missão estrangeira aconselhada por Marques de Leão — no caso, norte-americana — a Marinha atualizou sua estrutura orgânica, de pessoal, de instrução, atingindo as medidas adotadas os navios recebidos em 1910 de maneira tão efetiva, que estes passaram a apresentar eficiência operativa perfeitamente satisfatória.
Sendo a Marinha, após a Revolução de 1930, alvo de alguma atenção governamental, na década seguinte, à vista da obsolescência dos veteranos navios de 1910, tentaram as autoridades navais criar uma indústria que se encarregasse da construção de navios, aviões, canhões, torpedos, minas, difícil de florescer no atrasado ambiente do Brasil pré-industrial, mas que serviu para suprir a experiência e a formação de muitos elementos que auxiliaram a expansão da economia brasileira no pós-guerra, quando criamos nosso parque industrial.
A falta de visão que se manifesta no abandono de nosso preparo militar ficou em evidência quando, em 1942, tivemos que nos