A Revolta dos Marinheiros, 1910

onde embarcou o Presidente eleito, Marechal Hermes da Fonseca, seguindo para o Rio de Janeiro, chegando à Guanabara a 25 de outubro.

O "Bahia", recebido em Newcastle-on-Tyne a 6 de abril de 1910, largara deste porto a 16, entrando em Lisboa a 20. A 23, suspendeu, passando à vista das Canárias e fundeando em Cabo Verde a 28. A 1º de maio zarpou para Recife e, deste porto, a 9, para o Rio de Janeiro, onde chegou a 21, depois de arribar em Vitória no dia 20, por avarias nas máquinas.

Aos poucos, pelas notícias que chegavam através dos oficiais e praças que desembarcavam, foi-se tomando conhecimento detalhado da situação, aliás gravíssima e de difícil solução, com assassinatos, alguns de maneira cruel, tiros disparados contra a cidade, a adesão do antigo Encouraçado "Deodoro" à revolta, além de muitos outros navios ostentando a bandeira vermelha, símbolo da rebelião.

De navio a navio, os fatos assim haviam-se passado:

Encouraçado "Minas Gerais"(1) Nota do Autor

O quarto das 6 à meia-noite corria calmo, sem incidentes, sob a supervisão do oficial de serviço, Segundo-Tenente Álvaro Alberto da Mota e Silva (mais tarde um grande cientista que deu nome à primeira usina nuclear do Brasil). Os outros oficiais da Divisão de Serviço eram os Primeiros-Tenentes Milcíades Portela Ferreira Alves, Mário Lahmayer e Oscar de Castro e Silva. Pernoitava a bordo, tendo chegado já à noite, em condução alugada, o Capitão-Tenente José Cláudio da Silva Junior.

Por volta das 10h, atracou ao portaló lancha trazendo o comandante do navio, Capitão-de-Mar-e-Guerra João Batista das Neves que, acompanhado pelo Segundo-Tenente Armando Trompowsky de Almeida, regressava de um jantar que lhe tinha sido oferecido no Cruzador francês "Duguay Trouin". Foi recebido pelo oficial de serviço, com quem ficou conversando na descida da escada para a câmara, permanecendo o Tenente Álvaro Alberto debruçado sobre a meia-laranja da cobertura da escotilha. O Tenente Trompowsky seguiu para terra na mesma lancha. Após despedir-se com um breve "até amanhã, comandante", o oficial de serviço, ao voltar-se para a proa, foi inopinadamente atacado a baioneta por um marinheiro semiembuçado pelo chapéu descido sobre os olhos

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