O Tenente Castro e Silva procurou defender o comandante, mas, verificando que este estava morto, decidiu seguir no escaler. Não chegando a tempo (escapando assim de ser fuzilado), lançou-se n'água, perseguido por tiros disparados de bordo. Evitando-os, conseguiu esconder-se embaixo do jardim da popa, um varandim que se prolongava para fora da câmara do almirante nos encouraçados. Despistados os agressores, continuou nadando em direção à Ilha das Cobras, sendo recolhido no caminho por um escaler do Ne "Benjamin Constant".
O marinheiro Bulhões também tentou embarcar, mas teve que fugir dos tiros do matador do Tenente Cláudio e do Grumete Joviniano, Ernesto Roberto, que o caçou pelo navio. Conseguiu esconder-se, assim mantendo-se até o fim da rebelião.(2) Nota do Autor
O cadáver do Comandante Batista das Neves permaneceu no convés, tendo alguns dos amotinados feito um simulacro cômico de ginástica em torno (uma das queixas da marinhagem era em relação à ginástica que o comandante os obrigava a fazer toda manhã, para compensar a relativa imobilidade física da vida de bordo dos navios à máquina, o que não existia nos navios a pano). O marinheiro Nércio do Nascimento vangloriou-se mais tarde de ter dado um tiro na cabeça do corpo inanimado e barbaramente desfigurado do comandante, perguntando-lhe: "Quer um copo d'água, velha?"
O marujo Aristides Pereira, vulgo "Chaminé", foi visto urinando sobre o cadáver.
Depois de o dia clarear, uma lancha civil, a "Santa Leocádia", foi chamada, e nela embarcaram os cadáveres dos oficiais (Batista das Neves e Luiz Cláudio) e dos marinheiros mortos, para serem levados para terra. Em outra lancha, seguiu o Memorial dos revoltosos ao Governo, nos seguintes termos (respeitados estilo e ortografia):
"Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1910.
Ill.º e Exm.º Sr. Presidente da República Brazileira.
"Cumpre-nos comunicar a V. Excia., como chefe da Nação Brazileira:
"Nós marinheiros, cidadãos brazileiros e republicanos, não podendo mais suportar a escravidão na Marinha Brazileira, a falta de