A Revolta dos Marinheiros, 1910

com os castigos corporais na Marinha, não havendo odiosidade para com os oficiais. Pediu-lhes, assim, que se retirassem de bordo, exceto os maquinistas, que seriam necessários para movimentar o encouraçado. Propuseram, mesmo, que se recolhessem ao Cruzador francês "Duguay Trouin".

O restante da Divisão de Serviço era constituída pelo Capitão-Tenente Torquato Junqueira da Motta Ferraz, Primeiros-Tenentes Américo Sales de Carvalho, Paulo da Rocha Fragoso e Segundo-Tenente Antônio Guimarães. Houve divergências na decisão a ser tomada, mas, por fim, ante a impossibilidade de qualquer reação, os oficiais resolveram ir para terra. Não foram, entretanto, seguidos pelo Tenente Sales de Carvalho que, sub-repticiamente, refugiou-se no paiol de munições da torre que comandava, na esperança de poder, oportunamente, dominar a rebelião. A tensão a que foi levado pela inexequibilidade de efetivar a reação pretendida, em vista da superioridade absoluta do inimigo, levou-o a se suicidar com um tiro que lhe atingiu o ombro, sendo transportado para terra ainda com vida, vindo posteriormente a falecer.

Scout "Bahia"(4) Nota do Autor

O "comandante" revoltoso do "Bahia" era o elemento que realmente ideou e planejou o movimento, marinheiro-paioleiro Francisco Dias Martins. O oficial de serviço, Primeiro-Tenente Mário Alves de Souza, que embarcara havia 48 horas e fazia seu primeiro serviço, permitira que o ajudante, ao terminar o quarto, às seis horas, fosse à terra para solucionar um problema pessoal urgente e, assim, estava sozinho a bordo. Ao ouvir algazarra na proa e tiros em outros navios, mandou que a Guarda formasse, não sendo obedecido. Verificando também que havia, no pessoal que se agrupava, marujos armados de fuzis e revólveres, armou-se da mesma forma, portando um revólver, além da espada regulamentar. Insistindo em sua ordem para a Guarda, e continuando a não ser atendido, apontou o revólver para o chefe da mesma e, desafiado, atirou, matando-o.

Os restantes amotinados avançaram para a popa. Diz Francisco Dias Martins (se foi realmente o autor), na carta apócrifa incluída no Apêndice I (ver nota 4), que a ideia era intimá-lo a abandonar o navio, e não matá-lo. Mas não contavam com a altivez e a bravura

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