suprimento estrangeiro, compunha-se de um conjunto heterogêneo de navios à vela, mistos ou já metálicos e mecânicos, de proveniências diversas, não obedecendo à Política definida, mal mantidos e operados por guarnições tecnicamente inferiores.
Em 1904, contudo, as exigências da Polícia Internacional seguida pelo Barão do Rio Branco, Ministro das Relações Exteriores, provocaram enérgica reação a tal estado de coisas, permitida por relativa recuperação das finanças do País. O programa de reaparelhamento naval, elaborado pelo Almirante Júlio de Noronha, Ministro da Marinha na época, aprovado no Congresso graças aos esforços do Deputado Laurindo Pitta, e modificado pelo ministro que o sucedeu, Almirante Alexandrino de Alencar, representou completa remodelação de nossas forças do mar, de forma homogênea e obedecendo aos mais modernos ditames da indústria bélico-naval.
Também os resquícios da desunião e dos ódios criados pela Revolução de 93 haviam praticamente desaparecido com a anistia geral de 1895. Não mais se sentia distinção entre legalistas e revolucionários, ao ponto de um destes últimos ter ocupado o ministério até o dia 15 de novembro de 1910.
As unidades da moderna Esquadra, projetadas de acordo com as concepções táticas do tempo, iam chegando todos os meses. Os dois maiores vasos de guerra existentes, semelhantes ao protótipo inglês "Dreadnought", que caracterizou nova era para a construção bélico-marítima, já se achavam na Baía da Guanabara, juntamente com a quase totalidade dos outros navios destinados a constituir sua cortina de proteção: os velozes scouts e destroyers, como ainda se chamavam os cruzadores-ligeiros e os contratorpedeiros.
Inesperadamente, este quadro, refletindo otimismo, perspectivas excelentes, rompeu-se com violência: uma revolta de marinheiros eclodiu na noite de 22 de novembro, com o imediato domínio dos dois novos encouraçados, além do antigo "Deodoro" e de um dos scouts, o "Bahia", obrigando a que todas as outras unidades, que não se rebelaram, se afastassem ou fossem abandonadas ante a ameaça dos poderosos canhões dos sublevados.
A estrutura disciplinar, básica em uma organização militar, fendeu-se de alto a baixo. Oficiais foram assassinados, expulsos ou retirados de bordo, e as maiores autoridades do país, desde o Presidente da República e o Ministro da Marinha, intimadas a conceder