A Revolta dos Marinheiros, 1910

de Administração, decidiu formar uma comissão, dirigida pelo mesmo oficial, para analisar e descrever com clareza e veracidade os acontecimentos de 1910.

O Comandante Belo desde logo começou exaustivo trabalho de pesquisa, o qual, segundo informa, além da leitura de documentação disponível, incluiu entrevistas com 20 almirantes, sete comandantes, quatro engenheiros-maquinistas e dois oficiais-auxiliares, todos contemporâneos das duas rebeliões quando se achavam embarcados nos diversos navios da Esquadra.

Com base em informações tão fidedignas, o Comandante Oliveira Belo chegou a elaborar algumas notas, nas quais estuda a personalidade do chefe da rebelião de novembro, marinheiro João Cândido, e traça um esboço das duas rebeliões.

Lamentavelmente, o seu estado de saúde obrigou-o, em outubro de 1960, a enviar carta ao Diretor do Serviço de Documentação Geral da Marinha pedindo que o eximisse da tarefa que lhe fora cometida, por não se sentir mais com forças para escrever "história que para ser exata e confiante deve ser precipuamente verdadeira e incontestável". E completa a missiva afirmando que "o trabalho precisa ser levado adiante de forma a que se possua a história completa e autêntica das duas rebeliões que constituíram a página mais triste e lamentável da vida pacífica da Marinha Nacional(*)". Nota do Autor

Foram páginas tristes e lamentáveis, não há dúvidas, mas são muitos os ensinamentos que se podem auferir de acontecimentos semelhantes. O Almirantado inglês preocupa-se tanto neste sentido que publicou, em dois volumes, a história de todos os motins verificados em navios da Royal Navy desde 1680 (!), com base nos autos processuais, analisando com profundidade as causas e as consequências de cada um. No prefácio da obra, diz o seu coordenador que se trata de documentos que devem ser estudados cuidadosamente pelos oficiais.

A Revolta dos Marinheiros de 1910 é um episódio da História Naval brasileira que exige tratamento bastante delicado, devido às deformações sofridas e aos debates que tem provocado. Deve, assim,

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