O tupi na geografia nacional

Por outro lado, considera: "Inteiramente justificada é a anuência parcial dos etnólogos italianos à prática da invariabilidade dos gentílicos exóticos. No italiano, sendo invariáveis no plural os substantivos em consoante, em i não acentuado, e todos os oxítonos em a, e, i, o, u, a grande maioria deles, em qualquer hipótese, é reduzida à forma única". Aludindo, igualmente, à nossa situação, declara categoricamente: "A posição do português é idêntica à do espanhol em face dos gentílicos. Nada existe, nas duas línguas, que autorize a sua inalterabilidade".

E acrescenta ainda enfático: "Muito louvável tem sido na defesa prática deste ponto de vista, a atitude dos etnólogos de língua castelhana. Dentre eles, ao que saibamos, nenhuma figura proeminente de ascendência se afastou das praxes de sua língua materna, para submeter-se a inexequíveis fórmulas internacionais. E essa resistência ainda é, no setor, o reflexo fiel da independência e altivez que tanto impressionam nos seus povos.

Comentando a posição assumida por Imbelloni sobre a questão, afirma: "Uma figura à parte nesta controvérsia sobre a pluralização dos gentílicos é J. Imbelloni, da Argentina. Contrário, também ele, ao plural em s, distingue-se, entretanto, do grupo de imitadores baratos pelo seu critério todo pessoal. Eis as razões que o impedem de pluralizar, à castelhana, os etnônimos alienígenas:

1º) porque constituíram entidades híbridas;

2º) porque alguns significam gente, homens, espécies de coletivos;

3º) porque diversos já são verdadeiras formas de plural na língua de origem.

Imbelloni é, antes de tudo, etnólogo; raciocina e discute os fatos de sua especialidade com tanto escrúpulo que o respeito à morfologia de línguas relativamente pouco estudadas o faz violentar a sua própria. Após examinar, criteriosamente, o que ocorre nos domínios da língua portuguesa, Edelweiss conclui por declarar: "O emprego de uma única invariável dos etnônimos exóticos justifica-se, linguísticamente, no inglês, quase sempre no alemão e, em muitos casos, também, no italiano. Não há nada que desculpe a sua introdução no português, espanhol e francês".

A crítica do autor, longe de ser gratuita, arrima-se sempre nas profundas pesquisas a que se entregava o seu espírito de investigador meticuloso e profundo.

Nunca se lhe esgotava, pois, a curiosidade em relação a fatos linguísticos, aos quais se voltava com particular interesse.

Por ocasião do centenário de nascimento de Teodoro Sampaio, data festivamente comemorada na Bahia, a Câmara da Cidade do Salvador reedita a mais conhecida obra do conceituado baiano, O Tupi na

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