O tupi na geografia nacional

Já aí, em nota de pé de página, anuncia o que, sobre o assunto, vai dar publicidade um ano depois.

Assim, em 1958, vem a lume o mais importante livro do nosso tupinólogo - O Caráter da Segunda Conjugação Tupi, cujo valor se reveste de condições especialíssimas, dada a profundidade com que é versado o tema.

É sem sombra de dúvida, sem desmerecer os demais textos de sua autoria, aquele que oferece mais percuciente e inovadora abordagem.

Sobre a sua importância, assim teve o próprio autor oportunidade de referir-se, nos seguintes termos: "Desses estudos, todos ainda atuais, o mais valioso, a meu ver, é O Caráter da Segunda Conjugação Tupi, que retifica definitivamente os ensinamentos correspondentes dos velhos mestres do tupi e do guarani: Anchieta, Figueira e Restivo".

A modéstia, entende-se, impediu-o de declarar que nenhum dos autores citados chegou realmente a analisar, com a penetração tão aguda como ele o fez, este problema da gramática tupi.

Verifica-se que já no pórtico da obra, sob o título: Explicação Necessária, define Edelweiss os seus propósitos. Observa-se, então, aí, que uma grande tese é posta em debate - a defesa da existência da conjugação de tipo objetivo, que compreende todos os adjetivos e cujo pronome sujeito é um possessivo puro.

No decorrer desta introdução, o autor, inclusive, adverte para o fato de que, não somente no idioma tupi, mas igualmente no cariri, ocorre o uso de "um misto de pronome pessoal, tanto subjetivo como oblíquo e de adjetivo possessivo, desempenhando indistintamente qualquer das três funções", a que ele denomina de possessivo pronome. Ao mesmo tempo, propõe indagações, por ele próprio posteriormente respondidas, que advertem ao leitor sobre os propósitos inquietantes do trabalho, como que antecipando o jogo dialético da sua lógica argumentação.

Desta forma, ele próprio afirma: "Haverá quem inicialmente não admita conjugação de nomes. Mas, porque, se no tupi, tal qual os verbos, tomam sufixos de tempo e modos? Ou será proibido consignar peculiaridades e caracterizá-las, só porque as línguas indo-europeias as desconhecem? Ao sustentar tal posição, Edelweiss demonstra a sua atualização frente aos estudos mais modernos da ciência da linguagem.

Esta é a nossa conclusão quando refletimos sobre o que afirma: "Por outro lado, se tudo o que, a par de pronomes subjetivos, recebe índices de tempo e modo deve ser proclamado verbo, porventura deixará o tupi de possuir a categoria dos adjetivos pelo simples fato de, no particular, se aproximarem dos verbos".

O tupi na geografia nacional - Página 15 - Thumb Visualização
Formato
Texto