de terra ao sul do Recife de Pernambuco, se fez mais tarde Pero Cavarim, como se lê em o Roteiro do Brasil, de Gabriel Soares; depois ainda foi alterado para Pero Cabarigo, como se fora intenção dos povoadores perpetuar, naquela, aliás, obscura localidade, o nome de alguma notabilidade daqueles tempos.
Do nome Sernambityba, que quer dizer depósito de ostras, das que se conhecem pelo nome de sernambi, e que também vem citado no dito Roteiro de Gabriel Soares, se fez, primeiro, Simão de Tyba e, depois, João de Tyba, com que se designa, nos mapas modernos, o rio que desagua no mar, ao norte de Porto Seguro, duas léguas para além do rio de Santa Cruz.(cc) Nota do Autor
132 - Do que deixamos exposto, decorre que, para bem interpretar nomes tupis, com emprego na geografia e na história, se há de adotar como regra:
1º) Descobrir a grafia primitiva do vocábulo nos documentos mais antigos em que este possa ter aparecido e, na falta desse elemento, procurar surpreender-lhe a pronúncia entre o povo rústico do interior, onde a corrupção dos vocábulos tupis é menos intensa e onde quase que permaneceram intactas as tradições do falar.
Do nome Guaianás ou Goianás, por exemplo, desde longos anos modelado à feição portuguesa, só se encontra a grafia primitiva - Guayanã - nos escritos de Anchieta,(dd) Nota do Autor e só entre os caipiras se lhe conserva, até agora, a pronúncia verdadeira.
O nome Mantiqueira, modelado já à portuguesa, só em documentos antigos guarda a primitiva grafia - Amantiquira, que se traduz: a chuva goteja ou pinga.(252C) Nota do Autor
Quanto à palavra Goitacás, em outro tempo Guaitacá, forma contrata de Goatacara, só no Dicionário Português e Brasiliano, de 1795, se encontra o termo primitivo com a significação de passeador ou andarilho, nômade.(253) Nota do Autor