O tupi na geografia nacional

Que o nome Brikioka, como se lê em Hans Staden, é um erro de cópia ou de composição dos editores da obra do malogrado aventureiro, verifica-se da grafia seguida por João de Laet, que, ou teve bases para rejeitar ou corrigir esse erro, ou colheu o vocábulo de algum exemplar mais correto.

Seja como for, porém, o fato é que, em nenhum roteiro, crônica ou história de fonte portuguesa, se encontra, jamais, Briquioca, mas sim Britioca, Bartioga, Bertioga, etc. Estas são, portanto, as grafias primitivas e mais próximas da verdadeira, como passamos a demonstrar.(257) Nota do Autor

As várias grafias, Britioca, Beritioga, Piritioga, Bartioga e Bertioga, encerram todas um mesmo tema alterado de diversas formas e uma mesma desinência comum, representados no vocábulo Pirati-oca, que quer dizer refúgio ou paradeiro das tainhas.

Do tema - Pirati -, fácil é explicar-se como podiam ter vindo Piriti e as formas Briti, Beriti, Barti e Berti, pelo abrandamento da consoante inicial e pela queda ou troca das vozes breves ou mudas.

No mesmo Hans Staden se lê o nome Bratti como aplicado pelo gentio ao pescado, a que os portugueses chamam "tainha". Portanto, Bratioca ou Bertioga têm a mesma tradução, porque constituídos dos mesmos elementos aglutinados: Brati ou Berti, tainha; oca ou oga, casa, refúgio, paradeiro.

A característica do local, outrora como hoje, confirma a interpretação. O canal de Bertioga sempre foi muito piscoso, e as tainhas aí se encontravam em grandes cardumes. Hans Staden refere que esse peixe costuma, em certa época do ano, deixar o mar e procurar os canais ou esteiros para a desova em sítio mais repousado. Por esse motivo, as pescarias eram importantes na Bertioga, cuja posse os selvagens disputavam,

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