e os colonos portugueses, desde logo, compreenderam a necessidade de defender.
O capitão Burton, que visitou essa região, teatro das proezas e desditas de Staden, verificou, em 1865, a abundância desse peixe, não só nas vizinhaças da Bertioga, como em toda a costa para além de Ubatuba e Paraty, cidade esta cuja denominação procede exatamente de ser esse pescado abundantíssimo nas suas águas.
Como se vê, a interpretação do vocábulo, apoiando-se nas investigações históricas, que lhe restituíram a grafia primitiva e verdadeira e tornaram possível a tradução pela análise dos elementos aglutinados, se confirma inteiramente pela característica local.(258) Nota do Autor
Citemos outro exemplo:
O nome Itaquaquicetuba, com que, desde época remota, se designou uma missão ou aldeia de gentio assentada à margem esquerda do Tietê, no antigo caminho do Rio de Janeiro, não tem como ser interpretado, se se lhe mantiver a grafia atual.
Entretanto, recorrendo-se a velhos documentos e escritos do século passado, vamos encontrar o nome da antiga aldeia guayanã escrito - Taquaquicétuba, como se lê em Antonil, na sua Cultura e Opulência do Brasil, obra do primeiro quartel do século XVIII, e Taquaquicétyba, na relação geral que frei Manuel da Ressurreição, terceiro bispo que foi da diocese de São Paulo, apresentou a D. Maria I, ao findar o mesmo século.
Taquaquicétyba é, pois, a grafia histórica verdadeira, e ainda confirmada pela dicção vulgar da localidade. Separando-se, então, os seus elementos aglutinados, temos: Taquaquicé-tyba, de que a primeira parte, ou tema, designa uma variedade de taquara, que o caipira ora denomina taóquicé, ora tauóquicé, e que era abundante no lugar; e a segunda parte, o sufixo tyba, exprimindo essa abundância.
Eis por que se deverá traduzir - Taquaquicé-tyba, ou, como hoje se escreve; Itaquaquicetuba, por taquaral da espécie taquaquicé.
Referem os cronistas e viajantes antigos que o gentio denominava Anhemby ao rio que banha a capital paulista e traz hoje o nome Tietê. De fato, examinando-se velhos documentos, verifica-se que aquele nome não só era o que comumente se dava ao rio histórico que foi, em outro tempo, a vereda dos bandeirantes e conquistadores de sertões, como que a grafia do vocábulo, com pequenas variantes, se conservou quase intacta. No mapa dos jesuítas, de 1639, lê-se Anyembi, e nos outros mapas da mesma procedência, de 1722 e 1732, Anembi.