O tupi na geografia nacional

No mapa de d'Anville, publicado em 1734, conserva-se a grafia dos jesuítas - Aniembi; ou Anhembi -, mas, já na edição de 1748, lê-se Anhambi, ou Tietê.

No célebre mapa das Cortes, de 1749, lê-se Anhambu ou Tietê; mas, no mapa espanhol, em 1760, volta-se à grafia Anhembi, escrevendo-se Anembi, na edição de 1768.

No mapa geográfico de Silveira Peixoto, de 1768, o primeiro em que vêm figurados os rios entre o Tietê e o Paranapanema com os nomes Anembi-miri e Pirocaba, lê-se Anembi-guaçu.

No de Olmedilla, de 1775, o vocábulo conserva a primitiva grafia dos jesuítas - Anemby, ao passo que, no de D. Luís Antônio de Sousa Botelho Mourão, se escreve Niembi.

Glimmer, no seu roteiro, de 1602, escreveu Anhembi e João de Laet, Iniambi.

A grafia, portanto, mais antiga e mais corrente é Anhembi, que se deve adotar como a mais correta, e podendo-se identificar com a palavra Inhamby, às vezes pronunciada Inhambu, com a qual se designa a perdiz, ave galinácea outrora abundante nos campos de Piratininga ou de cima da Serra.

Portanto, a denominação antiga, dada pelos primeiros colonos portugueses, de Rio Grande de Anhemby pode-se traduzir Rio Grande das Perdizes.

Insistirei, ainda, no exame interpretativo de outros nomes tupis com emprego em nossa história e geografia.

Estudemos o nome Niterói que, como Guanabara, já alterado pela dicção vulgar, designou a formosíssima baía do Rio de Janeiro.

Brito Freire, que, parece, foi o primeiro a divulgá-lo, não lhe deu tradução. Antes dele, porém, Simão de Vasconcelos, na sua Vida do Padre José de Anchieta, refere que o gentio denominava aquela baía Nitherô, e Hans Staden, entre os portos do Brasil, que diz visitados por navios franceses, ao tempo das suas aventuras e cativeiro entre os tamoios (1548), cita o de Iteronne. O cônego Januário da Cunha Barbosa (ee) Nota do Autor dá-nos, para tradução desse vocábulo tupi, mar escondido. De fato, examinando-se-lhe os elementos componentes, verifica-se que o nome tupi se pode identificar com a palavra Nhêterô-y, que assim se explica: Nhê ou anhê, que se encontra no dicionário de Montoya com a significação de abrigar, proteger; terô, que, segundo o mesmo autor, se traduz como coisa torta, encurvada, fazendo seio; y, que exprime água, no sentido geral.

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