O tupi na geografia nacional

Por outro lado, cabe ressaltar que somente uma plena e profunda familiaridade com o tupi poderia conceder-lhe a oportunidade de analisar exaustivamente a questão. É este, pois, sem sombra de dúvida, um dos seus mais atraentes estudds etimológicos.

Datam de 1969 as seguintes análises: Estudos Tupis e Tupi-guaranis. "Gûasú e usú na diacronia das línguas e dialetos tupi-guaranis", "Camarajipe e Lagoa Abaité".

A primeira delas constitui-se no último livro editado pelo Mestre da tupinologia baiana. Reúne importantes estudos sobre a matéria, compondo uma importante coletânia de textos de conteúdo histórico e linguístico. O subtítulo da obra - Confrontos e Revisões - denuncia o seu caráter, sendo que o Aviso Preliminar, substitutivo adotado pelo autor aos prefácios inexistentes nos seus livros, evidencia os propósitos da publicação. Ainda aqui F. E. teça considerações sobre a impropriedade em considerar-se língua tupi-guarani, cuja deficiência atribui ao desconhecimento, até 1938, do léxico tupi jesuítico, o Vocabulário na Língua Brasílica. Sem esta obra, segundo ele, era impossível reconstruir-se, integralmente, a trajetória daquele idioma. Condena, mais uma vez, os equívocos do primeiro catedrático de tupi, de São Paulo: "ao perfilhar o indefensável termo língua tupi-guarani, um mistifório, onde mais para alívio do mestre do que do discípulo espantado, caberia tudo: o legítimo vocábulo guarani, de Montoya, a forma castiça do tupi anchietano, nivelado, em condições de igualdade, no seu estropiado descendente nheengatu, remanejado, através do século, por bocas estranhas". Aproveita-se ainda nesta nota inicial para identificar, convenientemente, o tupi original das fases de progressiva adulteração, declarando: "A primeira delas é fruto da grande miscigenação, não apenas entre índios e brancos, mas também por efeito do aldeamento conjunto de índios e de outras famílias linguísticas com tribos tupis, segundo a praxe dos jesuítas".

E justificando a designação que concedeu à segunda fase de desenvolvimento da língua brasílica, declara: "Apelidamos de 'brasiliano' o dialeto tupi, que assim se foi formando nas populações marginais. O seu representante bibliográfico mais divulgado é o Dicionário Português e Brasiliano, que nos forneceu o nome. Reproduz o tupi falado, no correr dos anos, a segunda etapa de deterioramento, um dialeto de intercâmbio no Amazonas, por eufemismo crismado de nheengatu - língua boa!".

Após fazer várias observações sobre os assuntos que o motivaram a escrever este livro, afirma: "Eis, portanto, o segundo complemento ao nosso Tupis e Guaranis. A tardança deve ser levada à conta de circunstâncias adversas, que refogem ao nosso valimento".

Considerando importante referir acerca do valor desta obra, transcrevemos a opinião de Lemos Barbosa em espaço que assinou na orelha

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