de José Jorge Paranhos da Silva, a que a revista trimensal do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro deu guarida através da colaboração de Tristão de Alencar Araripe.
Voltemos, porém, ao nosso índio.
Novo surto, mais científico, tomaria o seu culto com o aparecimento do livro de Martius sobre a etnografia e linguística indígenas do Brasil, em 1867, que procura, pela primeira vez, reduzir os nossos indígenas a famílias linguísticas definidas e salientar-lhes outros elementos culturais peculiares.
O tratado de Martius, embora hoje superado em grande parte, foi o ponto de partida das nossas pesquisas etnológicas, provocando, em alguns, o gosto pelo verdadeiro indianismo: pendores para o estudo de tudo que diz respeito aos nossos indígenas, principalmente à sua língua.
Começou-se pela zona que mais uma vez ia sendo teatro de intensas explorações comerciais e científicas, o vale do Amazonas.
Ali predominava ainda uma língua geral, o nheengatu, remanescente daquela outra, o tupi, que durante os primeiros séculos se falara em quase todo o Brasil.
O estudo do nheengatu, a justiça impõe frisá-lo, havia sido ordenado, em 1851, por D. José Afonso de Morais Torres, bispo do Pará, criando, no seminário daquela cidade, uma cadeira dessa Língua Indígena Geral. Foi o seu primeiro regente o Pe. Manuel Justiniano de Seixas, que nos deu dois anos mais tarde, pequeno vocabulário precedido de um esboço gramatical.
Foi o seu sucessor Francisco Raimundo Correia de Faria, que, procurando ampliar as Breves Explicações, do Pe. Seixas, editou, em 1858, o seu Compêndio da Língua Brasílica.
Depois da publicação de Martius acima referida, aquelas tentativas foram retomadas e desenvolvidas por dois conhecedores práticos do nheengatu: José Vieira Couto de Magalhães e Pedro Luís Sympson.
Ao primeiro devemos dois trabalhos de fôlego sobre o nosso índio: "Ensaio de Antropologia", inserto na revista trimensal do Instituto Histórico,(*) Nota do Autor com extensas referências aos tupis e à sua língua, estudo esse que, modificado, foi parcialmente reproduzido no segundo: O Selvagem - Curso de Língua Geral, segundo Ollendorf, Rio de Janeiro, 1876.
Esse compêndio, pelo feitio e mais ainda pelos seus textos originais, teve duradoura e larga repercussão.
Não foi menos difundida a Gramática da Língua Brasílica Geral, de Pedro Luís Sympson, Manaus, 1877.