O tupi na geografia nacional

geral viva e florescente na região amazônica. Linguisticamente é uma pobre ruína da soberba estrutura do idioma tupi dos séculos XVI e XVII; mas, disso pouquíssimos tinham então conhecimento.

O estudioso mais notável que, naquela emergência, surgiu no campo da nossa linguística indígena foi Batista Caetano de Almeida Nogueira, o maior conhecedor do guarani antigo entre nós, seu exaltador pertinaz e, acima disso, autor de alentados e profundos trabalhos. Dentre eles avulta o grande Vocabulário, guarani-português, de 1879, fadado a tornar-se, a despeito de guarani, uma das fontes onde muitos estudiosos do tupi (!) irão abeberar-se imprudentemente, quando não preferirem socorrer-se apenas do brasiliano e do nheengatu, o que, às vezes, é pior ainda.

Um dos mais operosos propugnadores do nheengatu foi o naturalista João Barbosa Rodrigues, amigo e colaborador de Batista Caetano, a quem dedicou, em 1887, a sua Poranduba Amazonense com esta surpreendente reserva:

"Venho apresentar-te o resultado de alguns estudos, que confirmam até certo ponto, (...) que o nheengatu (...) é mais puro que o tupi do Sul e que o guarani. (...) Isso escapou à tua perspicácia, senão teríamos hoje uma obra magistral (...)".(1) Nota do Autor

Batista Caetano estava então morto havia vários anos. Se vivo fosse, teria certamente retrucado, porque, embora também ele nunca tivesse compreendido certas leis fonéticas da família tupi-guarani,(2) Nota do Autor era, em linguística, muito superior a Barbosa Rodrigues.

Mas, Batista Caetano já se fora sem deixar substituto e as ousadas afirmativas de Barbosa Rodrigues, tendo ficado sem retificação, por muito tempo levariam aos espíritos desprevenidos a sua semente daninha - mais uma dúvida a juntar-se a tantas outras, quanto ao criterioso alcance que, dentro da família, cabe aos termos: tupi, guarani e nheengatu.(2A) Nota do Autor

O tupi na geografia nacional - Página 35 - Thumb Visualização
Formato
Texto