O tupi na geografia nacional

ressalta da sua apreciação introdutiva e, principalmente dos comentários a certos termos, como amana, apiaba, Caazapá, jabotí, panema, taba, tuyuyú, Vacahy, ybytera e outros mais. Na terceira edição elimina muitas dessas especificações, incômodas e contraditórias para quem, por outro lado, tudo é tupi.

Quanto às etimologias, Teodoro Sampaio vai buscá-las corajosamente, ora no tupi, ora no guarani e, com frequência, no nheengatu, diretamente ou através do Dicionário Português e Brasiliano, a sua grande fonte vocabular, que ele acreditava ser de tupi genuíno, quando efetivamente se trata de um tupi em estádio intermediário da sua trajetória para o nheengatu. Teodoro Sampaio tinha disso conhecimento, mas apenas superficial, por falta do vocabulário jesuítico do primeiro século da catequese, o único ponto de referência seguro entre o tupi e o nheengatu. A falta desse instrumento de trabalho muito prejudicou a exatidão de O Tupi na Geografia Nacional.

Teodoro Sampaio nunca chegou, pois, a ter visão clara do grande alcance das denominações: tupi, guarani e nheengatu, tanto porque a sua época era obstinadamente unitária, como também por lhe faltarem os elementos para estudos comparativos mais aprofundados. As suas apreciações léxicas conservam-se, por isso mesmo, no terreno vago da família linguística tupi-guarani, a tupi do autor, cabendo ao leitor o trabalho de identificar, se tal exemplo é tirado do guarani, do tupi, do Dicionário Português e Brasiliano, ou do nheengatu. Compreende-se que, para os estudiosos, tal método acarreta dificuldades quase intransponíveis; é como fazer uma análise à base de caracteres gerais.

Línguas e dialetos são organismos que se formaram obedecendo a certas leis comuns, unificadoras, mas também a leis específicas a cada qual e, portanto, disgregantes.

É essa verificação que obrigou os círculos especializados a adotarem, sob pena de se divorciarem da verdade, uma nomenclatura especificativa, não apenas para línguas e dialetos em geral, mas ainda para circunscrever-lhes as fases por conceitos cronológicos, geográficos e até classistas, como: latim vulgar, latim clássico, médio-latim, baixo-latim; português arcaico, português quinhentista; velho baixo-alemão, novo alto-alemão etc.

As conclusões forais foram precedidas, em tais casos, pela indispensável análise.

Com a família tupi-guarani, ao contrário, sem detido exame de seus vocabulários e muito menos de suas gramáticas, começamos por generalizações inconsistentes, baralhando velhos conceitos muito justos e, finalmente, impondo a entidades heterogêneas um denominador comum. Proclamamos uno, não só o que já era vário há 400 anos, mas

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