dos primitivos íncolas desta terra, como Von den Steinen, Capistrano de Abreu, monsenhor Costa Aguiar, H. Coudreau, Pe. Constantino Tastevin, Hermano Stradelli, D. Antônio Malan, Pedro Luís Sympson, H. von Ihering, Roquette-Pinto, Rondon, Aff. de Freitas, Adauto Fernandes, Benigno Martinez, Moisés Bertoni, Telêmaco Borba, Studart, T. Koch-Grünberg e outros cujos trabalhos são preciosas contribuições para o estudo do Homem Americano e especialmente dos antigps íncolas deste país, que já vão desaparecendo, absorvidos pelas raças invasoras, dominantes.
Não está isento de controvérsias este livro. O assunto de que ele trata não pode estar livre disto. Interpretando vocábulos de uma língua prestes a desaparecer, o que aqui faço nada mais é do que propor ideias ou hipóteses aos que, no assunto, procuram a verdade. Objeções, aliás, a respeito de uma interpretação toponímica ou de um simples vocábulo tupi, quando a mim oferecidas, nunca as rejeitei; aceitei-as sempre para exame, como demonstração de boa vontade da parte do opositor ou do seu desejo de fazer triunfar a verdade.
Achamo-nos, um e outro, no mesmo terreno, partindo dos mesmos princípios; é, pois, de crer que, discutindo conforme as regras seguidas em questões de história e de filologia, havemos de chegar a resultado tangível, capaz de satisfazer. É neste pressuposto que a controvérsia é útil e com ela a ciência pode ganhar.
Os termos mais simples do idioma brasílico são suscetíveis de controvérsia e a língua mesma dá largas para isso. Veja-se, por exemplo, o nome igarapé com que no vale do Amazonas se denomina um pequeno curso d'água ou canal estreito, como um braço entre ilhas.
Os elementos componentes do vocábulo tupi aí estão íntegros e apenas justapostos - Ygara-pé(2A) Nota do Autor - e facilmente se traduzem, segundo a regra, caminho de canoa. Entretanto, a despeito da facilidade com que esse vocábulo se decompõe e se traduz, não escapa, todavia, à controvérsia.
Leia-se, por exemplo, a Gramática da Língua Tupi, do Pe. Constantino Tastevin, reimpressa em São Paulo em 1923, e nela encontrar-se-á, às páginas 26 e 87, o mesmo vocábulo tupi com o significado de caminho d'água e, para tanto, dado como composto de yga-rapé, em que o primeiro componente yga é considerado termo antiquado significando água e como tal atribuído a Montoya, no que, aliás, o autor citado está em evidente equívoco.