Os bororos orientais. Orarimogodogue do Planalto Central de Mato Grosso.

CANTO INICIAL DA PESCA

Kare paru

Estrofe 1.ª:

O caminho é para o rio no caminho mesmo. É para o rio pintado, rio pintado de penas, pintado de vermelho, de penugem, de caudas de araras, de ondas, de ondas pequenas, de água suja, de cores variegadas, de chifre.

Estrofe 2.ª:

A gente está chegando com as redes dos aroe, dos doirados, dos pacus, dos pintados, do peixe cachorro, do jaú, dos barbados, dos papalamas, dos matrinchões, dos lambaris, das piabas. (Nomes todos de peixes).

Estrofe 3.ª:

O rio está pintado da cauda dos gaviões, enfeitado de penas, da cauda de gaviões, de penugens, da cauda de gaviãozinho, está escuro pelas caudas de gaviões pequenos, está vermelho pelas caudas das araras, das araras amarelas, das araras pretas. (A cauda dos pássaros representa as cores várias dos peixes).

II.° GRUPO - CANTO PARA OS FUNERAIS

Como já se disse, durante a agonia, logo após a morte e durante os funerais, até o momento da imersão dos ossos na água, as cerimônias fúnebres são acompanhadas de cantos numerosos e muito longos, executados especialmente à noite.

São todavia cantados também em outras circunstâncias; p. ex.: durante as festas ou representações dos aroe.

1.°) roia kurireu "o canto grande" do qual, sendo demasiado comprido, daremos somente a primeira parte com a relativa explicação e a última com a tradução.

2.°) roia umanareu "o canto maior".

3.°) roia guiguddu "canto menor".

I - O GRANDE CANTO

roia kuri-re-u baaddogeba xebeguiugue eke

boe e vi kegge-re (canta-se) "os índios eles mortos quando" isto é, logo após a morte. Mas é cantado muitas outras vezes durante o longo período dos funarais; por exemplo, quando tiram os ossos da sepultura provisória e quando põem os ossos na cesta para levá-los à lagoa. Dirigem-no

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