Brasil: a terra e o homem. A vida humana

Atividades econômicas

Enquanto na região litorânea de Santa Catarina e na da "encosta da serra", no Rio Grande do Sul, a colonização de base agrícola foi bem sucedida, o mesmo não ocorreu na região do planalto paraná-catarinense. Nele, mais de um fracasso foi assinalado, desencorajando por muito tempo novas experiências agrícolas. Seus campos, por sua vez, são muito pobres, não comportando grande densidade de animais. Os campos gerais de Ponta Grossa, por exemplo, só suportam uma rês para cada três alqueires (7,26hab.). Esses fatos orientaram os colonizadores para a exploração dos recursos da floresta: erva-mate e madeira.

A indústria madeireira consiste na exploração do pinho e, secundariamente, dos espécimes da flora latifoliada da mata mista, fornecedores de madeira de lei (cedro, imbuia ipê, etc.). A exploração é de caráter destrutivo, não havendo preocupação pelo replantio. Esse fato provoca uma progressiva redução das áreas de exploração e determina o deslocamento ou abandono das serrarias instaladas nas zonas em exploração. A maior parte da madeira produzida na região é destinada aos mercados de São Paulo, Rio de Janeiro e Argentina.

A indústria extrativa da erva-mate é anterior à exploração madeireira e representa uma herança da cultura indígena. O início da sua exploração como atividade econômica está ligado à localização de colonos europeus em terras cobertas pela Mata de Araucária. O desenvolvimento comercial da exploração adquiriu importância depois de 1820, em virtude do declínio apresentado pela produção do Paraguai. Embora existam atualmente inúmeras pequenas plantações de erva-mate, o grosso da sua produção ainda procede de plantas nativas. A atividade extrativa do mate, portanto, apresenta, na região, as características de economia coletora.

A atividade agrícola na zona do planalto é muito dispersa, sendo grandemente influenciada pelas condições de solo. As regiões de campos oferecem dificuldades à agricultura, embora algumas experiências frutuosas já tenham sido ali realizadas. O colono europeu, todavia, influenciado pela mentalidade do lavrador brasileiro, procura as áreas de mata, que oferecem solos mais apropriados. Com isso, evita uma soma maior de trabalho e de gastos. Três produtos agrícolas merecem citação: a batata-inglesa, cultivada na região de Ponta Grossa e Curitiba; o trigo, cultivado na porção centro-sul de Santa Catarina, e o milho, cultivado nas terras do alto interflúvio Ivaí-Piquiri e nas terras banhadas pelos vales do Pelotas, Peixe e Canoas. Associado ao cultivo do milho desenvolve-se, nas mesmas áreas, a criação de suínos. Os rebanhos bovinos e suínos são numericamente insignificantes na região.

Na zona litorânea podemos distinguir, ao lado da atividade agrícola, baseada em produtos tropicais - café e cana-de-açúcar - a atividade mineradora, ligada à exploração dos depósitos carboníferos da região de Laguna-Imbituba e uma incipiente vida industrial em desenvolvimento na região do Vale do Itajaí (Brusque, Blumenau, Joinvile).

No Rio Grande do Sul, a atividade pastoril constitui o tipo de atividade econômica mais importante, quer por sua contribuição à economia, quer pelas influências que exerce sobre a paisagem e os gêneros de vida regionais.

A criação no Rio Grande do Sul é dominada pelos rebanhos bovinos, ovinos e suínos. Os rebanhos bovinos ocupam as terras da Campanha, das Missões e do próprio planalto. A criação de suínos está associada à região agrícola da "encosta da serra" e a de ovinos apresenta sua principal área de concentração no sudoeste do estado (região de Livramento-Uruguaiana). A atividade pastoril alimenta uma importante indústria

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