Brasil: a terra e o homem. A vida humana

rios, desenvolve-se a mata-galeria, com os aspectos fitofisionômicos das matas tropicais úmidas. As condições climáticas são tipicamente tropicais, com médias térmicas elevadas, amplitudes térmicas anuais baixas e duas estações bem definidas: a de chuva, no verão, e a de estiagem, no inverno. Os solos, de um modo geral, são pobres. A vegetação que sustenta, agravada pelas condições climáticas, é formada por tufos de gramíneas duras e árvores e arbustos esparsos, de pequeno porte, de troncos e galhos retorcidos e casca grossa. As manchas de matas, que surgem sob formas de "ilhas" nas áreas de rochas cristalinas ou de eruptivas básicas, indicam solos melhores e são quase sempre utilizadas pela agricultura. As matas de beira-rio ou matas ciliares, devido à sua posição junto aos cursos de água, coincidem com os focos de malária e, por isso, não atraem o povoamento. A região do pantanal mato-grossense forma uma unidade fisiográfica fitofisionômica especial. É uma extensa planície quaternária, situada a mais ou menos 200m de altitude, sujeita a grandes inundações anuais e coberta por uma vegetação em que se alternam espécies hidrófitas, mesófitas e xerófitas. A paisagem é a de campos entremeados por manchas de matas.

As imensas regiões de campos e cerrados, as condições históricas do seu povoamento e as técnicas agrícolas tradicionais do lavrador brasileiro explicam, em boa parte, a utilização pastoril das terras do Brasil Central.

Condições humanas

O povoamento da região é consequência das incursões de entradas e bandeiras, de um lado, e da expansão do gado da região do São Francisco, de outro. É uma região fracamente povoada. Como a amazônica, constitui um imenso "deserto" demográfico, com densidades inferiores a um hab./km². Continua sendo uma região de povoamento. O problema do índio é, em extensas áreas de Goiás e Mato Grosso, ainda presente, pois inúmeras são as tribos refratárias ao contato e à assimilação com os civilizados. O sul de Goiás e o sul de Mato Grosso figuram hoje como faixas pioneiras, cuja ocupação vem sendo realizada graças à expansão da área geoeconômica paulista. Essa ocupação é de caráter essencialmente agrícola e realiza-se nas áreas florestais de solos mais férteis. Até o momento, não afetou as atividades pastoris, realizadas nas áreas de campos e cerrados. A instalação de núcleos coloniais europeus começa a ser realizada, sendo que, no momento, os mais importantes situam-se no sul de Goiás.

Equipamento econômico

A região de economia pastoril e agrícola do Brasil Central, considerada em seu conjunto, está muito mal aparelhada para vencer as resistências do meio. Ali como na Amazônia, o problema fundamental é o demográfico. A rarefação demográfica não permite a execução de obras capazes de permitir a expansão e o desenvolvimento da economia regional.

A solução desse problema não parece ser tão simples, pois torna-se preciso, antes, solucionar um outro, de grande significação regional e nacional: o da utilização agrícola das terras de campos e cerrados. O lavrador nacional tem aversão a esses tipos de terra e essa aversão não resulta apenas de uma atitude mental, mas, particularmente, do fato de as terras de campo não apresentarem o mesmo índice de produtividade do das terras de mata. Experiências já realizadas nessas terras, porém, mostraram que podem ser utilizadas para a agricultura. Essa utilização, todavia, deve basear-se em técnicas diversas das adotadas atualmente pelos nossos lavradores, nas terras de mata.

Brasil: a terra e o homem. A vida humana - Página 477 - Thumb Visualização
Formato
Texto
Marcadores da Obra