O fardo do homem branco. Southey, historiador do Brasil. Com um estudo dos valores ideológicos do império do comércio livre

Não faltavam oportunidades comerciais para os que se dedicavam às atividades intelectuais. É bem conhecida a sede de informações de que eram dotados os dissidentes e as classes médias em ascensão. Desde fins do século XVIII, difundia-se a moda das conferências, animadas pela fermentação política da época e pelo interesse crescente que iam merecendo as ciências aplicadas.

Periódicos e revistas ofereciam os melhores meios de renda. Durante muitos anos, os dois grandes polos da vida política e cultural da Grã-Bretanha seriam a Edinburgh e a Quarterly Review. Seus diretores rivalizavam em importância social com os primeiros ministros. Eram revistas que arregimentavam, como colaboradores, a nata da intelectualidade inglesa e, se bem que bastante caras, tinham uma circulação ampla para a época, sendo destinadas aos políticos e às classes altas(16) Nota do Autor. A partir de 1809, a principal fonte de renda de Southey seriam as resenhas para a Quarterly Review.

Sobretudo, pagavam extraordinariamente bem. Em carta a Coleridge, Southey comentava, em certa ocasião, que os três volumes da História do Brasil não lhe tinham rendido o que ganhava com uma só contribuição para a Quarterly...(17) Nota do Autor

No correr do século XVIII se fora constituindo e expandindo um novo público leitor, de classe média. As revistas e os jornais serviam a sua sede de informações e conhecimentos. Novelas e romances seriados satisfaziam a ânsia de distração e sentimentalismo. As relações entre o escritor e os editores mudaram drasticamente. Tornavam-se profissionais(18) Nota do Autor. Integravam-se no mundo burguês, atendiam a um mercado consumidor a que deveriam adaptar-se. A profissionalização do escritor era para Adam Smith uma decorrência natural do princípio da divisão de funções. Enquanto os muitos trabalhavam, alguns deveriam preparar-lhes a instrução e moldes de pensar, assim como cuidar de suas necessidades de recreação.

Vários fatores condicionaram a revolta dos intelectuais românticos, o seu mal-estar e concomitantemente a sua tentativa de afirmação, a partir de uma consciência clara da posição que ocupavam na sociedade. Coordenadas bem concretas acentuavam-lhes

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