Segunda viagem ao interior do Brasil: Espírito Santo

agricultores de seus domínios e retê-los, meses inteiros, na Vila da Vitória, para exercitá-los no serviço militar; sentia um prazer bárbaro em fazer montar a cavalo os infelizes, aos quais doenças secretas impediam esse exercício; ou então, se ele passeava com os oficiais da guarda nacional (milícia) forçava-os a comer o jantar nojento dos negros que encontrava no caminho.

Manoel Vieira de Albuquerque Tovar, que sucedeu a Pontes com o título de governador, administrou quase tão mal quanto ele. Comprazia-se, igualmente, com o aparato militar e roubava aos colonos um tempo precioso, passando-os em revistas inúteis, incessantemente.

Depois de Tovar, Francisco Alberto Rubim foi nomeado Governador da província do Espírito Santo e a administrava ainda na época de minha viagem.

Passava, geralmente, por ser um homem íntegro; tinha talento e atividade. A nova Vila da Vitória fundou-se por iniciativa sua; fez abrir estradas entre o litoral e Minas Gerais, fundou a igreja da Vila de Linhares, reedificou, na Vila da Vitória, uma parte do palácio do governo e ajudou a embelezar essa Vila; mas, se tal administração foi brilhante, careceu de que fosse de acordo com as leis do Estado e os princípios de uma sábia economia. Ver-se-á com que rigor tratava os índios e esses desgraçados não eram as únicas vítimas de seu despotismo.

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