Sobre a Santa Casa da Misericórdia, contra a qual ainda hoje tão levianamente se deblatera, convém transcrever as palavras de Freycinet. Escreve o comandante de l'Uranie:

"Mas a instituição desse gênero mais bela e mais digna de elogios é a conhecida sob o nome de Santa Casa da Misericórdia. A época em que nasceu em Portugal remonta, asseguram, ao ano de 1520. Um monge dominicano teve a primeira ideia; o rei D. Manoel, o Venturoso, e sua mulher Leonor d'Áustria muito o animaram, de maneira que em pouco tempo benefícios se espalharam não só por todo o reino como também pelas colônias. O fim a que se propõem os membros dessa pia instituição é criar, instruir e aliviar o mais possível os indivíduos das classes pobres e sofredoras. Basta ser infeliz ou enfermo para ser por ela assistido, diz Murphy. Sua caridade não se limita a acolher os aflitos, vai procurá-los e levar-lhes consolações e socorros em seus asilos particulares. O rei, os príncipes, todos os senhores da corte, assim como verdadeira multidão de pessoas de linhagem menos eminente, pertencem a essa associação; e é um espetáculo tocante ver, nas reuniões, o menor artífice, sentado ao lado do grande senhor, tendo ambos o mesmo direito