na amizade continental todo o terreno que nossa gaffe nos tinha feito perder.
É certo que o novo Ministro das Relações Exteriores abandonou esse terreno movediço, pouco se importando com a delicada situação resultante para o Chefe de Estado, o mesmo nas duas atitudes contraditórias. Mas o mal feito está, e para repará-lo, fora necessário ao Itamaraty uma autoridade moral que, infelizmente, não possui. Nem só o abandono em que continuam os interesses políticos do Brasil na América do Sul enfraquece o valor de sua intervenção, como a tergiversão nos rumos seguidos cria um ambiente de incertezas e de mal-estar no pactuar, por se desconhecer se "amanhã" confirmará ou derruirá a obra de "hoje".
Além disso, as restrições nas trocas comerciais exigindo uma constante atividade do Ministério para obter concessões de transporte, de venda ou outras, a intervenção de certos funcionários só se obtém mediante comissões vergonhosas já conhecidas (ao que me afirmou um membro do atual Governo), e tais deslizes não concorrem para aumentar o prestígio da Chancelaria. De um fato sei, de conhecimento próprio: no Corpo Diplomático aqui acreditado, é notória a convicção de serem pouco fidedignas a ação e as afirmações do Itamaraty. E disso há provas concretas: a correspondência sobre o chamado Convênio do Café, sobre a utilização dos navios, e, principalmente, os detalhes de tais operações.
Tais fatos eram conhecidos e cuidadosamente seguidos e aproveitados pela diplomacia alemã, nela incluindo-se a espionagem vasta e poderosa e rica e bem provida de meios de ação. Os graves incidentes de Bernhard Dernburg, de Bernstorff nos Estados Unidos, do Conde de Luxburg em Buenos Aires, são apenas capítulos interdependentes da mesma obra. No Brasil já são numerosos os indícios de atividade análoga, nas greves