sem explicações, nos incêndios de fábricas que preparam mercadorias susceptíveis de servirem aos Aliados, na virulência de certa imprensa, na agitação de certos congressistas, nas reivindicações pseudossocialistas, chefiadas por suspeitíssimos leaders operários espanhóis, no ataque sistemático à autoridade do Governo, de seus membros, e dos homens públicos em evidência. Nela têm colaborado, por mal nosso, a incurável e pouco avisada ingenuidade de vários membros do Poder Público, e o desejo de fugir aos incômodos pessoais de uma repressão, mal vista pelos gritadores da imprensa, embora a exija em altos brados o dever imprescritível da Salvação Pública.
Se informações reservadas que, por acaso, pude ter em meios comerciais forem exatas, a obra de diplomacia e de espionagem já teria ido além, não lhe sendo estranhos conflitos já havidos no Brasil. É de se esperar, a qualquer momento, e sem surpresa, uma reedição brasileira dos escândalos revelados na Argentina pela contraespionagem norte-americana com o conde de Luxburg. Note-se que, no Brasil, só se afastaram a legação e os cônsules alemães; toda a demais organização continua a funcionar, talvez reforçada. E há, como capa ao pangermanismo, a representação oficial austríaca, serva a mandatis da Prússia, pronta a dar como súditos de seu país quantos alemães se apresentarem, com os documentos perfeitamente regulares que sabem fabricar as agências oficiais de falsificação de passaportes e de outros papéis públicos.
Como resultado de tão grande atividade em favor dos Impérios Centrais, de um lado, e intrigando contra o Brasil e os Estados Unidos, do outro, é certo que na América do Sul se constituíram dois grupos, quanto a simpatias por beligerantes.
A Argentina, por motivos ocasionais, a que parece não ser estranha a vida íntima do Presidente Irigoyen,