teve nas mãos poderes quase ditatoriais e vive em trabalhosa modéstia. Nunca mediu esforços, nem almoedou sacrifícios pela causa pública.
Contou-me Leopoldo de Bulhões um episódio que o pinta. O barão do Rio Branco, ao realizar-se a Quarta Conferência Panamericana, em 1910, em Buenos Aires, pediu-lhe que lhe indicasse pessoa que, em poucos dias, fosse capaz de redigir em francês um histórico sobre a nossa moeda. Bulhões não hesitou. Só havia um homem capaz de, assim, de improviso, realizar essa tarefa. Rio Branco, que já o conhecia estreitíssimamente, e que muito o admirava, nomeou-o delegado à Conferência.
No tempo marcado apareceu a obra. É La politique monetaire du Brésil, hoje clássica, mesmo entre os tratadistas estrangeiros.
Bulhões acompanhou, abismado, a elaboração do trabalho, os dias e noites de incessante escrever, o esforço ingente que foi necessário para dá-lo pronto no prazo. Rio Branco e ele, uma vez impresso o livro, pensaram em retribuí-lo, compensando toda a sorte de prejuízos dele provindos.
Calogeras tinha direito a um certo estipêndio. Queriam majorá-lo: Não se sentiam, porém, com coragem para abordar o assunto. O próprio Calogeras tirou-as dessa dificuldade, declarando que em caso algum aceitaria por ele qualquer retribuição. Era um serviço que queria prestar ao Brasil.
O grupo de seus amigos, que coligiu os trabalhos deste volume, pensa fazer outro tanto. Pensa e afirma que presta um grande serviço ao Brasil colocando ao alcance do público alguns dos admiráveis trabalhos do notável pensador a quem devemos uma noção tão alta, tão elevada e tão segura das suas gloriosas finalidades.
BAPTISTA PEREIRA