História das explorações científicas no Brasil

CAPÍTULO V

EXPEDIÇÕES BOTÂNICAS

O interesse imediato que apresentava a exploração das

essências, mais ou menos preciosas, a descoberta de um sem número de plantas inteiramente desconhecidas no Velho Mundo e de cujas propriedades terapêuticas se diziam maravilhas, com os seus bálsamos sem par; a existência de frutos perfumados e saborosos ; as possibilidades de culturas remuneradoras, todo esse conjunto de maravilhas e seduções faz com que logo os primeiros cronistas mostrem o estranho e prodigioso desta flora original, tão diversa da que lhes era familiar. Nesse ponto é mais feliz a aurora da nossa botânica que a da nossa zoologia: diante de vegetais tão diferentes dos seus conhecidos, não se atrevem os primeiros viajantes a aplicar-lhes os mesmos nomes das plantas das suas terras, ao contrário do que fizeram com os animais, que foram denominados segundo uma semelhança mais ou menos vaga.

É mesmo a parte botânica a que mais avulta nos "Tratados" dos cronistas quinhentistas, desde Hans Staden e Anchieta até Francisco Soares, Fernão Cardim e Gabriel Soares de Sousa. A mandioca, a sapucaia, a batata doce, o milho, o cajú, a sensitiva impressionam a quase todos, como já tive ocasião de estudar, embora mui resumidamente, em minha Biologia no Brasil. Francisco Soares é o autor do Tratado de algumas coisas notáveis do Brasil e de alguns costumes no Brasil no qual estuda aquelas "ervas de que Dioscórides não teve conhecimento nem fez menção alguma".

História das explorações científicas no Brasil - Página 197 - Thumb Visualização
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