A expedição científica holandesa, como vimos, é, quase contemporânea da de Pedro Teixeira. Todos os estudos antropológicos e etnográficos foram feitos exclusivamente por Marcgrave. Na História rerum naturalium Brasiliae é de sua autoria o capítulo De statura et habitu corporis Brasiliensium et de aetate et moribus e, mais tarde, publicando o De Indiae utriusque re naturali et medica deixa Pies (que lhe roubara neste livro todas as descrições referentes à fauna e à flora brasileiras) como sendo da pena de Marcgrave o interessante Comentário sobre a índole e língua dos brasileiros e chilenos.
As observações do douto naturalista de Liepstadt se referem naturalmente aos índios do Nordeste, com os quais estivera em contato. Pelo próprio enunciado dos capítulos que tratam da nossa gente, tanto na História Natural, como no Comentário, se vê que aí se reunem dados antropológicos e etnográficos, a respeito desses homens "de estatura mean, robustos e espadaúdos, bem feitos, de olhos negros, nariz afilado, boca larga, cabelos negros e corridos, de barba rala ou nula" e dessas mulheres "baixas, bem dispostas, de formas não deselegantes, como as pretas, robustas e parindo facilmente". E, diz ele, "é admirável como preservam os filhos das doenças, nunca os envolvendo em ligas ou faixas; para robustecê-los, atam-lhes as pernas com certas tiras que chamam tapacura".
A expedição portuguesa de Alexandre Rodrigues Ferreira é de fins do século XVIII havendo no doutor-filósofo a estofa de um grande etnógrafo, deixando-nos, nos minuciosos relatórios e "participações" das suas viagens, principalmente nessa pela Capitania do Rio Negro, no