acusação que se transformou em crença generalizada sem maior exame ou verificação do caso. E porque o atual município da capital era o centro da gentilidade guaianá, a maior nação aborígene do Brasil meridional, e porque o seu chefe mais prestigioso, Tibiriçá, foi também acoimado de canibalismo, julgamos de toda oportunidade registrar nossa maneira de pensar sobre a tal acusação.
Negamos a antropofagia entre os aborígenes brasileiros, principalmente entre os tupi-guaranis.
Povos que acreditavam na existência de um poder superior e sobrenatural, a quem temiam e sinceramente respeitavam, atribuindo-lhe todas as manifestações de força que ao poder humano não era dado anular ou interromper; que acreditavam na imortalidade da alma e mantinham culto aos mortos; que policiavam a sociedade praticando a pena de talião e punindo o adultério; que praticavam o mais perfeito mutualismo, do qual a nossa decantada civilização, velhaca e maldosamente cada vez mais se afasta substituindo-o pelo capitalismo absorvente e desumano; que praticavam a agricultura, cultivando a maniva, que é o trigo da América do Sul; que dispunham do vasto celeiro que era o mar, não podiam ser antropófagos.