Vocabulário Nheengatu

muitos milhares de indivíduos em banquete em que mal tocaria uma grama da lúgubre iguaria a cada comensal; comiam o inimigo não por hábito, por costume, por vício ou pelo sabor da carne humana, mas unicamente pelo espírito de vingança. E, se assim não fora, Hans Staden, estranho e prisioneiro mas não considerado inimigo tradicional, de quem não havia vingança a tomar em desafronta a antepassados; Hans Staden teria servido de pasto, pitéu saboroso que deveria ser o cronista germano, raça selecionada, aos tupinambás que o aprisionaram.

Esta é uma verdade que vem sendo afirmada desde os primeiros tempos do descobrimento do Brasil e quem primeiro a enunciou de maneira irretorquível e convincente foi Gandavo, o autor da Historia da Provincia de Santa Cruz, revestido de toda sua autoridade de testemunha presencial.

"Apanhado vivo o inimigo no campo de batalha é ele, escreve Gandavo, conduzido à tribo do vencedor onde lhe é fornecida permanentemente abundante alimentação e dada por esposa a moça "a mais formosa e honrada que há na aldeia", situação que se prolongava de "maneira mui regalada", às vezes por um ano, até os captores se determinarem a matá-lo. No momento do sacrifício, o paciente espicaçado pelo executor,

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