cousa de maior monta, mercê da clássica dirimente de "privação dos sentidos"; se a civilização atual sofresse retrocesso, embora diminuto, no rigorismo da aplicação de suas leis de polícia, não voltaria a humanidade à brutalíssima selvageria do seu estado primitivo?
No século XVI, no momento mesmo em que se incriminava o aborígene da prática acidental de antropofagia, a França era já o maior expoente da civilização humana. Entretanto, não tivemos ali, em Paris, ponto luminoso que já o era da civilização moderna, a madrugada de São Bartolomeu, chacina de huguenotes determinada por Catharina de Medicis e pelo filho, o rei cristianíssimo Carlos IX?
E da execução de tão sombria empresa não se encarregaram os duques de Aumale e de Guise, ambos tão requintadamente nobres, tão elevados, tão próximos do trono que o último era um dos aspirantes à coroa em substituição aos decrépitos Valois?
A matança de huguenotes estendeu-se de Paris por todos os extremos da França, mas em breve a população, enfarando-se da sangueira, enfastiada de apenas matar, lançou-se à antropofagia e foi além, mercando os restos palpitantes das vítimas, abjeção a que jamais o aborígene brasílico desceu.