o sangue do inimigo ferido? E os Alticotes, povo bretão das Gálias, nutrindo-se de carne humana e, portanto, verdadeiramente antropófagos, regalando-se com os úberes das mulheres e com as fibras musculares dos homens, segundo testemunham Pomponius e São Jeronymo? Nas Capitulares de Carlos Magno não encontramos penalidades aplicáveis ao hábito da antropofagia, disposições que deixariam de ser consignadas se entre os povos sob o domínio do grande imperador não houvesse a prática hedionda de se utilizar, por alimento, a carne humana? Pedro "o justiceiro", rei de Portugal e, portanto, o mais elevado expoente de um povo civilizado, não trincou e não comeu, segundo afirmam as crônicas, o coração de um dos assassinos de Ignez de Castro? E mais próximos a nós, durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) os saxônios não se alimentaram de carne humana?
É possível que entre as inúmeras tribos que povoavam as imensas terras do Brasil surgisse um ou outro comedor habitual, vicioso, de carne humana, servindo tais casos esporádicos de tema aos cronistas em suas fantasiosas generalizações sobre o assunto. Precisamos, entretanto, considerar, que casos idênticos apareceram sempre e ainda aparecem no seio da civilização moderna, repetindo-se frequentemente, no próprio