canibalismo, ou não tivesse escapado, por milagre, de ser devorado; mas o que está perfeita e cabalmente elucidado nos fastos da nossa história é que os degregados da frota de Cabral, e mais tarde João Ramalho, Antonio Rodrigues, o bacharel de Cananeia, Diogo Alvares e tantos outros europeus atirados indefesos no meio das tribos brasileiras, não só não foram devorados como, tratados com carinho e amizade, lograram, quase todos, larga ascendência sobre os aborígenes.

A termos de aceitar tudo que se tem afirmado em desfavor dos nossos indígenas, devemos também tomar por certa, indiscutível, incontestável, e razões não existem para a considerarmos de modo diverso, a circunstância, tantas vezes repetida nas crônicas, de que os normandos que negociavam ccm os Tupinambás, deixando-se ficar entre eles, acabavam por se identificarem tão intimamente com os seus costumes ao extremo de compartirem dos seus festins canibalescos.

À tomarmos ao pé da letra tudo que Hans Staden escreveu, teremos ainda de dar crédito ao fato do intérprete francês, ciente do lúgubre fim que aguardava o cronista, ter-se negado, não obstante, a considerá-lo seu compatriota com o que mudaria a sorte do cativo: a emprestarmos veracidade a todos esses fatos, teremos de concordar que o canibalismo dos nossos indígenas não era