assim tão hediondo, como nos poderia parecer hoje, aos olhos da civilização da época, dada a extrema facilidade de se amoldar ela, através de numerosos representantes seus, à irracional prática.
Convém ainda não olvidar que os cronistas, ocasionais na maioria das vezes, escreviam sem receio de contestação por parte dos pobres indígenas que não sabiam ler nem escrever e que não dispunham de imprensa para se defenderem na extensão do ataque: se refletirmos que os cronistas modernos, ao visitar-nos na intenção de nos descobrir de novo, são recebidos principescamente a menu, no mais lídimo francês, sabendo todos que, desgraçadamente para nós, nos preocupamos muito mais com o que se diz de nós no velho mundo, do que com a nossa vida e maneira peculiar de ser, afirmam ao regressarem ao seio da sua civilização decrépita, que, neste país de selvagens, as serpentes se enroscam nas pernas dos transeuntes pelas ruas mais populosas das mais populosas cidades, que o inferno de Dante poderá ser comparado ao sétimo céu, em confronto com o viver das nossas fazendas; se refletirmos sobre o aluvião de inverdades que despudoradamente ainda se diz de nós no estrangeiro, ficaremos aptos a reduzir, restabelecendo em suas verdadeiras proporções, os fatos que os cronistas das nossas passadas eras houveram por bem registrar.