Vocabulário Nheengatu

gêneros: daí pretender-se o estabelecimento de sinonímia entre anhanga e suaçú (vide o étimo suaçú e seus compostos).

E tanto o vocábulo suaçú designa no veado apenas a sua privativa qualidade de ruminante, é que ao boi, animal exótico no país, o aborígene apelidou, para logo - tapyraçúúácauara -, (tapira por ser da corpulência da anta, çúú por ser ruminante, áca, por possuir chifres e uara, redução de retamauara, por ter vindo de fora, por ser estrangeiro) tapyra-çúú-áca-uara.

A acepção de - gênio do mal, diabo, satanás, demônio -, atribuído ao termo anhanga em permuta à concepção indígena, originou-se na prática intencional mas inocente, aliás louvável, da adaptação das crendices selváticas, às crenças da verdadeira religião cristã, isto quanto ao sul.

Nas regiões do nordeste brasileiro, o roupeta catequista elegeu, em discordância flagrante com o do sul, por diabo, pelo gênio máximo do mal, a jurupari, o gênio que preside ao pesadelo, tão impropriamente representado pelo inofensivo animalejo de nome igual ao do malévolo duende, e que contra si conta somente a circunstância de ser horrivelmente feio.

No extremo norte do Brasil, onde a catequese religiosa teve ação quase nula, anhanga jamais ultrapassou o círculo da teogonia tupi, a qual

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