Todo o seu livro beneficia amplamente dessa posição científica, permitindo-lhe no estudo dos fatores sociais um jogo de atuação muito mais rico e complexo e portanto mais próximo da verdade, pois em matéria social o perigo dos pontos de vista unilaterais é despojarem a realidade de sua riqueza, deformando-a e levando a conclusões precipitadas e falsas.
Desse perigo se exime esta obra, pelo cuidado que teve em libertar-se de preconceitos, como o geografismo ou o etnologismo.
Dessa predominância do fator humano, é levado naturalmente o autor, não a uma apologia fácil da terra e do homem amazônico, mas a uma reabilitação fundamentada de ambos, e sobretudo de suas possibilidades, sem esconder os obstáculos de uma e os defeitos do outro, mas mostrando que não existe "nem fatalidade étnica, nem fatalidade geográfica", e que todo o mistério sombrio da Amazônia é composto de "acidentes sanáveis", por uma civilização técnica, educativa, higiênica e sobretudo moral, que pode vir e que há de vir.
O problema do Amazonas, por hora, ainda é o do despovoamento. "Terra deserta, terra a ser povoada. Afigura-se muito agressiva e indomável. Não há, em verdade, uma agressividade específica e característica da terra; o homem é que se torna muito vulnerável pela insuficiência numérica. Não está em causa a qualidade da terra, mas a quantidade da gente".