provindas do exterior não sejam muito intensas, capazes, portanto, de ser modificadas por força do estímulo interior.
Da intensidade das excitações exteriores e da qualidade do estímulo interior, depende o fenômeno biológico da adaptação. E digo biológico, e não social, em tratando do meio amazônico, porque aí sente o homem, em torno de si, o vácuo aberto por uma sociedade rarefeita, desagregada, desarticulada, enfim. É ali o homem quase sempre um solitário.
É grande e prodigiosa a assimilação exercida pelo meio sobre o homem, que se amolda de modo incrível ao rigor ambiente. Ele integra-se na rijeza, na ferocidade da natureza. Tudo sofre, tudo afronta, sem temor nem queixa. Descalço, não se lhe dilaceram os pés à agressão dos espinhos afiados; anestesiada traz a pele que é uma couraça às farpas vulnerantes dos insetos. Transpõe os charcos com a despreocupação de quem pisa macias alcatifas; ingere o que de mais agreste se lhe oferece ao paladar quase embotado ou, se imperioso, suporta o jejum com indiferença fakiriana; dorme despreocupado e insensível, exposto ao tempo, ao sereno, ao relento.