Viagem às nascentes do Rio São Francisco e pela província de Goiás 2º vol.

S. Hil.), e várias Apocynaceas, entre outros a que se emprega no país como purgativo, sob o nome de tiborne (Plumiera drastica,, Mart.). Todos os vegetais, então dessorados pelo ardor do sol, tinham um matiz amarelo ou acinzentado que afligia a vista; as flores tinham desaparecido, e o aspecto da zona lembrava o da Beauce, algum tempo depois de feita a colheita. Apenas o elegante e majestoso buriti, que se eleva nas depressões pantanosas, desfazia a ilusão. Todos concordam em dizer que existe neste planalto grande quantidade de animais silvestres, mas que nessa época se escondem nos grotões onde a erva conserva ainda a frescura. Os pássaros eram, também, por ocasião da minha viagem, bastante raros no planalto, pois que os meus homens, que caçaram durante o dia todo, não mataram mais do que três.

Caminhei nove léguas em dois dias nesta imensa planície; mas não poderia dizer se a percorri no sentido do maior comprimento.

No fins do primeiro dia de viagem parei num sítio denominado Taipa ou Sítio Novo, construído em uma depressão alagada, à margem duma orla de bosque atravessada por um regato. Este sítio, habitado por duas ou três famílias, compõe-se de algumas choupanas construídas, de barro escuro e cobertas, umas por colmo, outras por folhas de buriti, (1819). Nenhuma tem janelas; as portas que lhes vedam as entradas, leves e sem a menor solidez, parecem com as nossas gelosias, e são feitas com pecíolos de folhas de buriti, colocados verticalmente, próximas umas das outras e amarrados por cipós.

Fatigado por muitas caminhadas longas, passei uma dia em Taipa para repousar e pôr minhas coleções ordem. Não estava, todavia, à vontade. Achava-me alojado em companhia de duas caravanas num rancho aberto de todos os lados, e enquanto mudava as plantas de papel,

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