Viagem às nascentes do Rio São Francisco e pela província de Goiás 2º vol.

era muito incomodado por um vento fortíssimo, que há vários dias reinava nessa zona elevada.

Foi no dia seguinte que desci do planalto. Quando se caminha por ele durante cerca de 5 léguas, o terreno começa a se inclinar; mas, um pouco antes, torna-se pedregoso e de cor vermelha escura: árvores franzinas, muito diferentes umas das outras, pela folhagem, se aglormeram, confundem os galhos, e o caminho, perfeitamente contínuo, que serpenteia por entre elas, assemelha-se a uma aleia de jardim inglês. Do planalto desce-se por uma rampa pedregosa e assaz rude, para uma região mais baixa, se bem que montanhosa, e dentro em pouco chega-se a uma fazenda agradavelmente situada acima do Riacho Frio, regato bordado do bosques: foi lá que eu me detive.

A Fazenda do Riacho Frio é assaz considerável para a região; todavia, a casa do proprietário, coberta de sapé, mal difere das dos escravos. A esse tempo pertencia em comum a jovens senhoras e a um rapaz muito jovem. O meu arrieiro, José Mariano, vendeu às senhoras algumas bagatelas; mas, de acordo com o uso vigente entre as mulheres honestas, estas não apareceram. O irmão servia de intermediário; levava as mercadorias para que elas as vissem, tornava com as que não interessavam e transmitia as ofertas das compradoras. Não estávamos ainda, sequer a nove léguas da fronteira, e já José Mariano foi pago, em parte, com ouro em pó, (vol. I, pag. 330).

O Riacho Frio tem a sua nascente à pequena distância da fazenda do mesmo nome, e se lança no S. Bartolomeu, que atravessei a cerca de uma légua desta fazenda. O S. Bartolomeu, pouco largo e vadeável no tempo da seca, não pode ser transposto senão em canoas no das chuvas, e frequentemente por essa ocasião suas águas causam febres intermitentes, provavelmente, porque, avolumando-se muito,

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