o Speculum naturae de Vincentius Bellovacencis.
É de princípios do século XVI a obra de Edward Wotton, De differentiis animalium, ainda fortemente inspirada em Aristóteles, de quem segue a divisão do reino animal. Sente-se aí, porém, um sopro novo, e é ele o primeiro a repelir ou opor as mais sérias reservas à massa de fabulosos animais inventados pelos escritores medievais. Mas chega ao extremo oposto e não tem uma só palavra para o acervo, sempre crescente, de novos animais trazidos das longínquas terras recentemente exploradas.
Mas a zoografia quinhentista resume-se quase exclusivamente em quatro nomes: Gesner, Aldrovandi, Rondelet e Belon.
Conrado Gesner, filho de um artífice protestante, nasceu em Zurique, em 1516. Órfão aos 16 anos, pôde continuar seus estudos em Basileia, Paris e Montpellier graças à munificência de alguns amigos. Em suas célebres universidades aprendeu quase tudo o que aí se ensinava: línguas clássicas e orientais, medicina, ciências naturais, no afã desse De omni re scibili da divisa de Pico dela Mirandola, desse saber enciclopédico tão do agrado da Renascença.
De uma formidável energia para o trabalho, ao lado de seus afazeres de professor de grego em Lausanne e de médico oficial da cidade de Zurique (posto no qual o surpreendeu a peste que assolou essa cidade e de que foi uma das vítimas, contando apenas 49 anos), publicou e comentou as obras dos autores clássicos, compilou dicionários, escreveu um léxico de literatura clássica, vários livros