O Sr. Duque de Luxemburgo fora nomeado embaixador de França junto à corte de Portugal. Solicitei-lhe a honra de acompanhá-lo; acedeu a meu pedido com a benignidade que o caracteriza, e, a 1.° de Abril de 1816, parti de Brest, com o embaixador, na fragata l'Hermione.

As rápidas escalas que fizemos em Portugal, Madeira e Tenerife não me permitiram entregar-me a muitas pesquisas sobre as suas produções, e julgo inútil descrever mais uma vez localidades que já o foram tantas.

Não descreverei, entretanto, a cidade do Rio de Janeiro que, sob vários aspectos, é hoje em dia tão conhecida como as maiores capitais da Europa. Lá chegamos a 1.° de Junho, após a mais feliz das travessias, e o senhor embaixador ali ficou alguns meses. Empreguei esse tempo em percorrer os arredores, e recolhi grande número de plantas, assaz frequentemente prejudicado na sua dissecação pela excessiva umidade do clima.

Após a partida do embaixador, um homem generoso a quem eu fora recomendado, o sr. comendador J. Rodrigues de Almeida, me propôs acompanhá-lo até a sua habitação, situada próximo ao rio Paraíba, e cerca de vinte e cinco a trinta léguas do Rio de Janeiro: aceitei o oferecimento com sofreguidão e reconhecimento. Considerava essa pequena excursão não só como meio de me distrair do isolamento em que me encontrava, como também uma oportunidade de me preparar para mais extensas viagens.

No dia destinado para a nossa partida dirigimo-nos desde muito cedo a um dos cais em que nos esperavam as barcas que nos deviam transportar através da baía. A numerosa comitiva que devia acompanhar o comendador até sua habitação se dividiu, e eu entrei num dos barcos em sua companhia e na de alguns estrangeiros. Quatro negros nos conduziam; cada qual em seu banco apoiava um dos pés no assento que lhe ficava em frente,